Andrômeda sem correntes: Fragmentos do mito.

Por Ângela Matos

Psicóloga e Escritora

Andrômeda

Andrômeda era uma princesa de beleza exuberante, filha do rei Cefeu e da rainha Cassiopéia.

Além do carinho e cuidado dispensado à filha amada, ao se recolherem em seus aposentos o silêncio da noite era interrompido por preocupações referentes ao futuro e a felicidade da princesa. Orgulhosa de sua beleza, Cassiopéia afirmou que a formosura de Andrômeda era tal, que ofuscava a beleza das Nereidas, filhas de Nereu, que habitavam e cuidavam das águas do mar Egeu juntamente com Poseidon.

A notícia se espalhou e chegou aos ouvidos do deus dos mares, que se sentiu afrontado com a afirmação de Cassiopéia. Irritado e revoltado, Poseidon imediatamente enviou Cetus para destruir o reino de Cefeu. Ao ver grande área devastada, Cefeu desesperado consultou o oráculo de Amon e em reposta obteve a triste notícia. Somente havia uma solução para preservar seu reino: sacrificar Andrômeda. Desorientado, abatido e pressionado pelo povo, Cefeu não teve outra saída. Andrômeda foi acorrentada a um rochedo para que o monstro marinho a devorasse.

Andrômeda sem correntes: Animus positivo e a mulher contemporânea

Jung denominou “animus” o lado masculino inconsciente na mulher, em latim quer dizer “espírito”. Animus vem de Logos, próprio do paternal, da razão, objetividade, praticidade e expressa a ideia de que, em todas as mulheres estão presentes características psicológicas do sexo masculino, em sua maneira de pensar, sentir e agir, podendo ser positivo ou negativo. No entanto, o texto se trata do animus positivo.

Desde a infância e geralmente através do relacionamento com o pai biológico, a menina vai dando forma ao seu animus. Ela vai construindo uma imagem interna de homem com base nessa relação. Se a relação ocorrer de maneira positiva, provavelmente ela relacionará bem com seu animus e consequentemente terá uma concepção positiva em relação ao sexo masculino.

A mulher com animus positivo tende a ser forte, destemida e empreendedora. Porém, terá um comportamento feminino, sendo também delicada e amável, pois, delicadeza e amabilidade são atributos próprios da personalidade feminina. Os homens tendem a reagir positivamente a esse tipo de mulher, com equilíbrio entre força e ternura.

Para compreender melhor o que é animus positivo, você poderá assistir ao filme:

-Ana Paula Arósio, como Anita Garibaldi em: “Anita e Garibaldi” ou a minissérie: “A Casa das Sete Mulheres”.

Atenta a esse fato Von Franz (2007) declara: “Bem, certamente a mulher deve ser instruída a ter uma carreira, mas ela não deve ficar possuída. Ela não deve ficar arrebatada pela carreira, ou perde sua identidade feminina. Se for capaz de mantê-la, sua profissão acrescenta-lhe uma dimensão espiritual de atividade, inteligência e força de vontade, qualidades essas muito positivas. Em seu mais elevado nível ele se torna um mediador da experiência religiosa, através da qual a vida adquire um novo sentido. Ele dá força espiritual à mulher, uma invisível sustentação interior que compensa sua delicadeza exterior”.

A mulher, mesmo que ainda sofra preconceitos, não podemos negar suas conquistas sociais, políticas e econômicas. Avanços que ocorreram de forma significativa.

Entretanto, a diferença salarial em relação ao sexo masculino é acentuada, enquanto sua expressão na política ainda é bastante tímida.  E na maioria das vezes encontramos as mulheres atuando em profissões que culturalmente se convencionou “profissão de mulher”.

E quando realizam seus trabalhos em áreas que ainda se acredita ser “profissão de homem”, normalmente optam por forjar uma igualdade e, com isso, masculinizam-se.

Empreender, avançar, se realizar é muito louvável, mas sua feminilidade não deverá sofrer com isso. Ser uma mulher feminina não significa ser uma mulher fraca. Antes de tudo você precisa se sentir mulher e à vontade com você mesma.

Mediar força e delicadeza não é tarefa fácil, essa linha divisória é muito frágil. No entanto, os homens admiram mulheres fortes, ainda mais quando exalam feminilidade, pois, masculinizados eles já são.

REFERÊNCIA

VON FRANZ, Marie-Louise. O caminho dos sonhos. 6. ed. São Paulo: Cultrix, 2007.

Andrômeda sem correntes: Fragmentos do mito.

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